Arquiteta Giovanna Ribeiro: Mafalda – Quem é, como surgiu, história e tirinhas populares

Quem aí gosta de histórias em quadrinhos? As famosas HQs. Esse tipo de histórias narradas em quadros são muito famosa pelo mundo, assim como vários nomes são lembrados. A exemplo temos a nossa Turma da Mônica, as histórias de super-heróis da Marvel e da DC. Porém existe uma no meio de tantas que chama bastante atenção, a Mafalda.

A HQ Malfada conta a história de uma garotinha inquieta e rebelde, que constantemente questiona assuntos como racismo, política, valores humanos, dentre outros. Assim, ela sempre está preocupada com a trajetória do ser humano, estando em prol da paz no mundo.

Assim como foi criada pelo cartunista argentino, Joaquín Salvados Lavado, mais conhecido como Quino, em 1964. Além de que se tornou mundialmente famosa e cultuada por fãs por todo o mundo, principalmente pela crítica social que ela carrega. Em especial na America Latina e Europa.

Mafalda - a personagem da HQ argentina que ganhou o mundo — Pinterest

A história de Mafalda

A personagem Mafalda, diferente do que muitos pensam, foi criada inicialmente para o comercial de uma empresa eletrodomésticos. Assim ela nasceu quando a Agens Publicidad, por meio do escritor Miguel Brascó, entrou em contato com Quino, em 1962.

Portando a agencia pediu para que o cartunista criasse tirinhas de jornais, para a fábrica Mansfield, e assim divulgar os produtos de forma subliminar. Desta forma, Brascó que conhecia Quino, sugeriu que o cartunista desse vida a sua ideia de uma história em quadrinhos com crianças. Assim criando uma personagem com a mescla das histórias de Minduim e de Belinda.

Sendo que as únicas condições impostas pela empresa era de que eletrodomésticos deveriam aparecer na história. Assim como nomo dos personagens deveriam começar com M, como a empresa, Mansfield. Porém, algo deu errado, e o projeto acabou sendo interrompido.

Surgimento da personagem

Depois de não ser usada como propaganda para a empresa Mansfield, a Mafalda foi oferecida ao Diário Clarín, sendo o jornal de maior circulação da Argentina. Contudo, ela ficou parada durante dois anos, pois o jornal cancelou o contrato após descobrir que a personagem havia sido feita para uma “estratégia de marketing”.

Então, foi somente em 1964 que a crianção de Quino ganhou “vida”. Assim, 3 tirinhas, das já produzidas, foram publicadas na campanha da Mansfield, no suplemento humorístico Gregorio, da revista Leoplán. Sendo ela uma revista literária, que o próprio Quino era diretor.

E naturalmente a personagem já se destacou, e desta forma no mesmo ano o diretor da Primeira Plana, Julián Delgado fez uma proposta ao cartunista. Nela, Quino publicaria regularmente na revista semanal duas tirinhas de Mafaldas, além de não ter propósitos publicitários.

Assim, provavelmente a personagem foi criada no contexto histórico conhecido como Pós-Guerra Fria. Assim usando Mafalda para expressar suas ideias sobre o mundo recém globalizado, e capitalista. Desta forma sempre trazendo um tom crítico e questionador diante das coisas que acontecem no mundo, sem deixar o humor de lado.

Além de que ao lembrarmos da personagem vemos como é o povo argentino. Pois, por mais que a personagem Mafalda sempre abordasse questões existentes em todo o mundo, ela possuía grande características do seu país de origem, a Argentina. Assim como seu nome foi inspirado no bebê do filme Dar La Cara, de 1962, baseado no romance homônimo de David Viñas.

Contratempos e personagens

Inicialmente somente Mafalda e seus progenitores foram criados, sendo apresentados em sua primeira edição, na revista Leoplán. Os demais personagens foram adicionados com o tempo. Assim, Felipe foi acrescentado a narrativa em janeiro de 1965.

Porém divergências legais vieram a acontecer logo depois, no dia 09 de março, causando a suspensão do quadrinho. Retornando então uma semana depois, Mafalda ressurge como versão diário, no El Mundo, de Buenos Aires. Assim semanas depois Manolito e Susanita são criados.

Então, mais uma vez contratempos surgem. Portanto, quando a mãe de Mafalda descobre que está gravida o veículo onde a HQ circula entra em falência, em dezembro de 1967. Mas em 2 de junho de 1968 a história ganha vida novamente por meio do jornal Siete Días Ilustrados.

Mafalda ganha o mundo

Mafalda é uma das tirinhas mais famosas e conhecidas do mundo. Assim como o seu criador, Quino, ganhou notoriedade internacional, em 1969, pelas publicações na Europa, assim como a primeira edição Italiana da história. Tendo ela o prefácio do notável escritor e filosofo Umberto Eco.

Desta forma ela já foi traduzida para mais de trinta idiomas. Assim como no Brasil ela ganhou sua primeira versão traduzida na Revista Patota, no Rio de Janeiro. No período em que o país vivia um contexto político semelhante aos abordado pelas histórias de Quino.

O fim

Em 1973 Quino resolveu encerrar as produções e publicações das tirinhas. Sendo que não se sabe ao certo o que levou o cartunista tomar essa decisão. Uns dizem que ele teria se visto obrigado a entrega-las para edição com duas semanas de antecedência. Ação essa que ele não gostava, pois, suas histórias eram criadas de acordo com as notícias do dia a dia.

Além de que no seu cinquentenário ele afirmou que se cansou de fazer sempre a mesma coisa. Assim como ele começou a não ter tempo para a família, pois sempre estava produzindo conteúdos para as tirinhas. E desta forma sua esposa sempre reclamava que eles não convidavam amigos para jantar, ou saiam.

Então depois do seu termino as tirinhas da Mafalda foram usadas poucas vezes. Assim aparecendo apenas em campanhas que promoviam os direitos humanos. A exemplo temos a mais notória de todas elas, a Convenção dos Direitos Humanos da Criança, da Unicef, no ano de 1976.

Crítica social

Em suas tirinhas, Quino apresentava uma visão límpida da sociedade argentina da época. Desta forma trazia questionamentos sociais por meio dos olhos de uma garotinha rebelde de 6 anos. Assim, Mafalda que adorava The Beatles, sempre trazia a tona assuntos como valores patriarcais, políticas, questões econômicas, dentre outras, em tom crítico.

Sendo elas sempre interpretadas sob uma perspectiva liberal, crítica e humanista. Apresentando assim questões que sempre são abordadas em todos os contextos socais do mundo, independentemente do país ou região. Assim como nunca perdia seu o tom lúdico e cômico, mesmo abordando temas sérios como ética, cidadania, amor e liberdade.

Os quadrinhos de Mafalda na literatura

Por abordar temas de grande relevância em todos os contextos sociais existentes, as tirinhas da Mafalda estão muito presentes em salas de aula. Desta forma, educadores as utilizam para estimular a leitura, pelo fato de serem divertidas, de fácil leitura além de apontas questões sociais importantes.

Assim os professores conseguem abordar temas sérios, de relevância social, bem como os alunos geram um senso crítico diante dos acontecimentos do mundo. E por conta disso Quino acredita que suas tirinhas não sofreram censuras pelo fato de possuir jovens e crianças como público alvo.