quinta-feira, 24 de setembro de 2020

7 dicas práticas e projetos para ter uma casa sustentável

Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), na última década, a produção de lixo da população brasileira aumentou em 29%. A reciclagem é o meio de assegurar que os itens que já não têm mais serventia possam ser direcionados para a pilha de recursos que podem ser transformados em algo novo.

O acúmulo de lixo é um problema real. Itens descartados em locais inadequados colocam em risco tanto a saúde da população quando o meio ambiente. De acordo com o consultor ambiental Alessandro Luiz Oliveira Azzoni, a reciclagem é extremamente importante para sustentabilidade ambiental, pois seu objetivo é minimizar o impacto ambiental que uma determinada atividade gerou ou pode gerar. “O processo de reciclagem faz com que o resíduo seja transformado novamente em matéria prima e volte a ser utilizado”, esclarece.

Aplicar o conceito de sustentabilidade é algo fundamental para garantir que o meio ambiente não sofra com o acúmulo de resíduos descartáveis. Podendo, portanto, ser definido como ações que suprem as necessidades humanas e visa desenvolvimento tanto econômico quanto material sem agressão ao meio ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no futuro.

Itens potencialmente recicláveis

Foto: Getty Images

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São inúmeras as possibilidades para dar um novo emprego a itens de utilização comuns do dia a dia. Alessandro exemplifica alguns deles e ensina os cuidados com cada tipo de material. Confira:

  • Plásticos: “quase todos tipos de plásticos podem ser reciclados. Deve-se tomar cuidado os que possuem produtos químicos, óleos lubrificantes, combustíveis e venenos. Esses devem ser descartados de maneira especial. As embalagens contaminadas por óleos lubrificantes e combustíveis por exemplo, devem ser levadas a postos de gasolina ou centro de troca de óleo pois eles já fazem a coleta separadamente de acordo com a lei. Já as embalagens com produtos químicos e venenos devem ser devolvidos ao local de venda para que possam dar destinação correta, pois, se esses resíduos fossem colocados junto com outros materiais plásticos, poderíamos contaminá-los, tendo que descartar todo o lote; então, cuidado”, alerta.
  • Papéis: “para o descarte são permitidos somente os secos, sem qualquer sujeira como gordura, papel oriundo de higiene pessoal ou até úmidos. Isso ocorre por causa do condicionamento, podendo vir a mofar e estragar o lote. Os que não são recicláveis são papéis que receberam algum tipo tratamento como etiquetas, adesivos fusão de dois materiais de difícil separação, papéis metalizados e papel manteiga. Nos demais casos, é só condicionar em local seco”, ensina.Para o profissional, reciclar é importante pois evita o corte de árvores para a produção de papel, fazendo com que esse material retorne ao consumo em geral. “Não são recicláveis: papel celofane, papel carbono, papel higiênico, guardanapos, papel toalha com restos de alimentos, papel laminado, papel plastificado, etiquetas e adesivos, fotografias e saco de cimento”, adiciona.
  • Vidros: “todos podem ser reciclados e, em questão de minutos, derretem e voltam à linha de produção. Se esse processo ocorresse na natureza, demoraria mais de 100 anos. Não se reciclam cristais, os vidros refratários e espelhos, pois o cristal e o vidro refratário foram produzidos a temperaturas muito altas e, no processo de reciclagem, deveriam superar essa temperatura. Além disso, a mistura do refratário para aguentar altas temperaturas também inviabilizaria sua reciclagem. Já o espelho é produzido pela fusão do material metalizado com o vidro, impossibilitando a separação dos dois elementos em questão”, explica.“Outros tipos de vidro que não são passíveis de reciclagem: vidro de automóveis, vidro de janela, espelhos, cristais, lâmpadas de todos os tipos, vidro de box de banheiro, vidro temperado, ampolas de remédios, boxes temperados e lentes de óculos”, revela o consultor.
  • Metais: “todos os metais são recicláveis e é de extrema importância a reciclagem desse material, pois assim é evitada a mineração do minério que dará a liga metálica. Não se reciclam latas enferrujadas, clipes e grampos, esponjas de aço, latas de tinta, de verniz, de inseticida e aerossóis”, esclarece.
  • Tecidos: “todos os tecidos podem ser reciclados, exceto aqueles que estiverem contaminados ou sujos de óleo combustível. A grande dificuldade de se reciclar essa matéria é o estado em que se encontra esse material, ou seja, geralmente estão muitos sujos e contaminados, impossibilitados de serem reciclados. Além da contaminação por efluente ainda na linha de produção e as sobras de tecidos, que normalmente viram matéria prima do setor de artesanato”, explica.
  • Embalagens do tipo Tetra Pak: Alessandro explica que este tipo de material já é reciclado pelo próprio fabricante, tendo grande êxito nesse ciclo. Para que possa ser encaminhado a centros de reciclagem, o ideal é que estejam limpos e sem resíduos em seu interior.
  • Isopor: “ o isopor é altamente reciclável. Ele sofre um processo em que é transformado em bolinhas, podendo ser moldado no formato que se desejar. O único problema é o condicionamento desse material, pois para se fabricar 1 tonelada, necessita-se de uma grande quantidade, portanto muitas empresas que trabalham com reciclagem rejeitam o isopor em função do baixo retorno financeiro.

5 passos para a reciclagem

Agora que você já conhece os materiais que podem ser reciclados, implementar a rotina de separação e encaminhá-los para um centro de reciclagem se tornou mais fácil. Para esclarecer quaisquer dúvidas em relação a esse processo, o consultor ambiental elaborou uma lista com um passo-a-passo para facilitar a preparação para o novo ciclo dos resíduos:

  1. Saiba o que pode ser reciclado: ao ter conhecimento de quais materiais podem ser reutilizados em processos de reciclagens, separá-los conforme suas utilizações facilita o encaminhamento para empresas responsáveis.
  2. Higienize os itens: higienizar os descartes faz parte do processo. Lave embalagens plásticas ou de vidro, separe papéis sujos do limpos etc.
  3. Cuide do armazenamento: “o condicionamento desse material é de extrema importância. Os papéis, por exemplo, devem estar secos e sem qualquer sujeira, portanto cuide ao colocar o papel próximo a embalagens de produtos líquidos”, adverte o profissional.
  4. Separe os itens: “armazene papéis, papelão e seus derivados juntos. Já as embalagens plásticas, vidros e metais podem ficar no mesmo local, pois esses serão separados na triagem”, orienta.
  5. Encaminhe os resíduos para um centro de reciclagem: “esses resíduos devem ser encaminhados a um centro de triagem, onde serão separados conforme a sua qualificação e, em seguida, levados para reciclagem”, relata.

O que fazer com o material reciclado?

Foto: Getty Images

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Na maioria das grandes cidades, a prefeitura disponibiliza um caminhão para a coleta seletiva. Vale entrar em contato com a da sua cidade. Caso não haja essa opção, Alessandro orienta procurar uma cooperativa de reciclagem ou as grandes redes de supermercados e levar os resíduos até o local de coleta.

Os centros ou cooperativas de reciclagem são locais que armazenam grande quantidade de resíduos passíveis de reciclagem. Neste local os resíduos passam por uma triagem, sendo separados de acordo com a matéria prima e encaminhados para as máquinas a fim de serem processados, sendo transformados em um material capaz de ser reutilizado.

No site Rota da Reciclagem é possível consultar o ponto de coleta mais próximo de seu endereço, seja este um estabelecimento comercial que possua a coleta seletiva, uma cooperativa ou um ponto de entrega voluntária, facilitando o encaminhamento de resíduos.

Como fazer o descarte de resíduos perigosos

Alguns resíduos oferecem risco de contaminação se forem descartados como lixo comum. Por isso, diversos tipos devem ter um destino especial. Confira quais são e as dicas do profissional para manuseá-los com segurança:

  • Cacos de vidro: “devem ser enrolados com jornal para evitar o risco de corte no transporte desse material. Se não estiver contaminado, pode-se colocar os fragmentos dentro de outros vidros, caso contrário, envolva com jornal e descarte no lixo comum”, orienta.
  • Eletrônicos: “por possuírem metais pesados em seus componentes, a reciclagem deve ser direcionada às cooperativas de reciclagem de eletro/eletrônicos, ondes irão desmontá-los, realizando o descarte correto de todas as partes”, ensina.
  • Baterias e pilhas: “hoje em dia, os produtores e importadores já são obrigados a coletarem e reciclarem este tipo de material, já que possuem compostos químicos. Logo, se dispostos em outros locais podem provocar a contaminação do solo, dentre outros problemas”, adverte.
  • Óleo: “os óleos de cozinha devem ser condicionados em garrafas pet e encaminhados aos postos de coletas. Muitos supermercados, inclusive, já contam com esse serviço. Nunca descarte na pia da cozinha, pois ele se solidifica e agrega outros componentes, transformando-se em uma grande massa que poder obstruir todo o sistema de esgoto”, alerta.
  • Lâmpadas: “devem ser condicionadas separadamente. O correto é buscar as lojas que comercializam esse produto e perguntar onde há um posto de coleta. Este procedimento é importante pois as lâmpadas de LED possuem componentes eletrônicos que possuem metais pesados e podem contaminar o meio ambiente. Já as lâmpadas fluorescentes possuem gás que contamina o meio ambiente devendo ser encaminhada para um centro de reciclagem, onde essa lâmpada será condicionada em uma câmara, e ao ser rompida absorverá o gás, filtrando-o e separando as partes para a reciclagem”, explica.

Como reciclar resíduos orgânicos

Os resíduos orgânicos podem ser reciclados e transformados em composto orgânico ou adubo. Além disso, o consultor ambiental relata que a decomposição desses materiais gera um gás que, em algumas usinas, é captado e transformado em energia. O aterro sanitário Bandeirantes, por exemplo, gera energia aproveitando o metano, transformando o gás do lixo em eletricidade. “Essa usina tem capacidade de fornecer energia elétrica para até 300 mil pessoas”, informa.

Se a sua intenção é utilizar estes resíduos como adubo, confira cinco passos simples ensinados pelo consultor ambiental para fazer uma compostagem caseira:

  1. Prepare os recipientes: empilhe três caixas de plástico com tampa. O tamanho das mesmas deve ser proporcional à quantidade de descartes da casa.
  2. Fure-as: faça furos pequenos no fundo de duas caixas com aproximadamente meio centímetro de diâmetro. Esses buracos podem ser feitos com uma furadeira ou utilizando pregos e serão necessários para que o produto da compostagem possa escoar entre elas.
  3. Prepare seu conteúdo: em uma das caixas furadas, adicione aproximadamente meio litro de terra e minhocas. Estas serão essenciais, pois aceleram o processo de decomposição da matéria orgânica. Por fim, enterre o material orgânico úmido misturando-o com o dobro de sua quantidade de material seco. Lembre-se: quanto mais picado estiver o material, mais rápido o húmus será obtido.
  4. Empilhe as caixas: empilhe as três caixas e tampe-as, devendo ficar na seguinte ordem: a caixa furada e vazia deve ficar em cima, a cheia com a terra, o material orgânico e que também possui duros no meio e a sem furos embaixo. Esta última irá armazenar o líquido proveniente da decomposição, denominado chorume, o qual será gerado durante a compostagem.
  5. Observe e mude as caixas de posição: quando a caixa do meio ficar completamente cheia, deve-se trocar de posição com a de cima. As minhocas estarão agora na caixa de cima e farão o trabalho de produzir o húmus, enquanto você torna a despejar o lixo orgânico na caixa vazia. Com o trabalho das minhocas e decomposição dos orgânicos, o chorume escorrerá na caixa do meio, deixando o adubo seco na caixa de cima. Realizando esse processo, em 50 dias você terá seu primeiro adubo orgânico feito em casa.

4 dicas para começar a reciclar agora

Foto: Getty Images

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  1. Mude seu pensamento: de nada adianta você encarar a reciclagem como um processo trabalhoso e que saia da sua rotina. Entenda que mudando pequenos hábitos, a reciclagem pode fazer parte do seu dia-a-dia.
  2. Tenha mais de uma lixeira: o ideal é ter no mínimo duas lixeiras, uma para materiais recicláveis e outra para materiais orgânicos. Se possível, adicione mais uma para produtos que devem possuir descarte especial.
  3. Separe os materiais conforme descartá-los: se acabou o leite, no mesmo momento enxague a caixinha, dobre-a e coloque juntamente com os resíduos correspondentes. Isto vai evitar o acúmulo de serviço e mandará a preguiça para longe.
  4. Conheça os serviços de reciclagem de seu bairro ou cidade: saber os locais de coleta ou cooperativas de reciclagem ajuda muito no momento o descarte correto dos resíduos. Procure se informar!

Na busca por um futuro melhor, cuidar do meio ambiente é essencial. Procure mudar seus hábitos e propague a sustentabilidade para conhecidos, amigos e familiares. Basta apenas começar!

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