Durante o apogeu do Império Romano, uma antiga religião inspirada no deus Mitra ganhava força entre o povo. Apesar disso, ainda hoje é pouco desvendada, dando espaço há muitas especulações.
A maior parte das informações sobre o Mitraísmo é encontrada em poucas referências feitas por autores clássicos, além de algumas estátuas e templos. Por outro lado, não existe nenhum texto redigido pelos próprios mitraístas que expliquem a religião ou seus mitos.
Sendo assim, para compreender um pouco de Mitra e seu culto, é preciso analisar pistas escassas ao longo da história.
Origem
De acordo com Plutarco, o culto de Mitra pode ter surgido a partir dos soldados romanos que atuaram na Anatólia. Eles teriam importado a divindade de cultos locais para o Império, misturando com outras referência. Entre elas, por exemplo, está o sincretismo da religião persa com o helenismo.
Entretanto, essa teoria esbarra em uma inconsistência. Em diferentes mitologias de povos de línguas indo-europeias há vários personagens de nome parecidos com Mitra, assim como, Mithras, Mioro e Mihr.
Em escritos do segundo milênio a.C., da região da Anatólia, Mithra aparece como guardião de juramentos e contratos. Além disso, seu nome era usado como sinônimo para pacto e chegou a nomear a dinastia dos reis Mitrídates.
Por outro lado, na crença da Índia védica essa função era exercida por Indra e Mitra protegia a ordem, a verdade e a amizade. Enquanto isso, a religião irânica coloca Mitra como membro de uma trindade completada por Ahura Mazda e Anahita.
Mitraísmo
Com tantos registros diferentes de Mitra em mitologias variadas, é difícil apontar uma origem precisa para o surgimento do mito. No entanto, é possível afirmar que rituais, mitos e templos mitraístas foram implantados pelos romanos.
O processo é semelhante à origem do Espiritismo Kardecista, por exemplo. A crença defende a existência de um Deus superior e de Jesus Cristo, apesar de não ser uma ramificação do catolicismo francês do século XIX. Da mesma forma, o mitraísmo compartilhava temas com religiões e crenças indo-arianas, mesopotâmicas e anatólicas, mas era um movimento religioso novo e independente.
As principais evidências sugerem que o culto de Mitras seguido por romanos tenha se desenvolvido por volta do ano 80. O culto perdurou até por volta do século IV, quando começou a cair no esquecimento. Ainda assim, as práticas mitraístas chegaram a resistir por cerca de um milênio.
Os cultos aconteciam nos mitreus, espaços pequenos com cerca de 10 metros de comprimento. Eles eram uma espécie de casa e caverna que imitavam grutas e carregavam muitos simbolismos. Nas laterais, por exemplo, haviam motivos que simbolizavam o zodíaco.
Os mitraístas eram divididos em sete grupos diferentes, classificados em sete graus. Cada um deles era representado por um símbolo diferente: corvo, ninfo, soldado, leão, persa, mensageiro do Sol e o patriarca. Para participar do culto, eram iniciados em cerimônias em que se ajoelhavam nus, com punhos atados e olhos vendados.
Mitra na mitologia
Mitra nasceu de uma rocha coberta de folhas, com uma tocha e um punhal em mãos. Durante uma grave seca que assolou a humanidade, Mitra salvou o povo após fazer água jorrar de um rochedo.
Além disso, foi ele quem perseguiu e encurralou o touro cósmico. Depois de sacrificar o touro, ele usa seu sangue para fazer nascer o trigo e o sêmen para fazer plantas e animais.
Responsável pela criação do mundo, Mitra também era acompanhado por outros dois deuses: Cautes e Cautopates. Um deles segura uma tocha voltada para cima, enquanto o outro segura uma voltada para baixo, a fim de representar o equilíbrio entre opostos e a harmonia da vida.
Cristianismo
Existem alguns pontos comuns entre mitraísmo e cristianismo. Por causa disso, teóricos dos séculos XVIII e XIX acreditam que uma religião pudesse ter influenciado a outra diretamente.
De acordo com Salomon Reinach, o cristianismo era uma derivação direta do mitraísmo. Isso porque teorias apontam que o mitraísmo também incluía práticas como acender velas, soar sinos, cantar hinos, fazer rituais com pães e vinhos e cultuar um deus único e supremo.
Além disso, os mitreus seriam comandados por padres responsáveis por cerimônias semelhantes a confissão e batismo, por exemplo. Entretanto, todos esses registros são apenas teóricos, sem provas históricas.
Historicamente, existe uma semelhança que pode ser comprovada. Antes de marcar o Natal cristão, o dia 25 de dezembro já era celebrado por seguidores de Mitra. Os romanos celebravam o deus nessa data, cultuando o Sol durante o velho solstício de inverno.
Fontes: Hypeness, Ensaios e Notas
Imagens: Eden Saga, Atlas Obscura, Tertullian, Stellar House Publishing, The British Museum
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